quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

"PARA O FUTEBOL E COMEÇA O CARNAVAL"






Substituição na PONTE SÃO JOÃO. Sai o Estrela da Ponte e entra o ESTAMOS NA NOSSA. No mês de fevereiro entre os anos de 1968 a 1989, exatos 22 anos, essa era a regra no bairro. Quase Lei.

Era a vez do LENDÁRIO BLOCO ESTAMOS NA NOSSA.
A história que o Bloco escreveu, mesmo nos tempos de Ditadura, foi de Liberdade no mais puro sentido da palavra, com muita amizade, alegria e sem censura. Caminhou sempre do seu jeito, sem ordem nenhuma, sem regras e principalmente sem vergonha.
Foram muitas as tentativas de compor uma Diretoria. Sem sucesso. Cuidar do dinheiro ou então administrar o "caixa", esquece! Eram passados, pelo comércio do bairro, vários livros de ouro para arrecadar fundos mas, prestação de contas, nada! No fim, por obra do destino, sempre dava tudo certo. As únicas instruções ou regras que o Bloco seguia eram:

- Alegria, muita festa e as fantasias não precisavam ser iguais, as cores combinando já valia. As dos anos anteriores eram sempre bem vindas. Fantasia igual, só mesmo para os integrantes da Bateria. Com o restante ninguém se importava.

Aliás só havia um cargo e era muito disputado. "Diretor de Efeitos Especiais" basicamente quem cuidava da cachaça, da cerveja e outros que tais.
Começamos, lembro bem, nas ruas do bairro da Ponte São João em 1968, batendo latas e passando o chapéu para ajudar nos drinques... E nesta mesma noite, no Bar do Ênio, o Bloco Estamos na Nossa foi fundado.


Em 1969, há exatos 47 anos, fomos participar do desfile de rua oficial de Jundiaí. As Autoridades da época estavam no palanque, e havia até jurados. Resultado?
Último lugar em todos os quesitos. Todos mesmo. Mas o pessoal ficou muito feliz em ter participado e não se importou com o resultado.
Aí veio 1970, 1971, 1972 ... e o Bloco foi crescendo ano a ano, sempre com mais componentes e muito mais desorganizado, claro.

Seguimos em frente.
O nosso maior destaque era o Abre Alas. Não o carro, porque era levado nas mãos mesmo.

Os escolhidos, dois, sempre os que estivessem sóbrios. Aí ficava difícil. Lembro de alguns destaques no Abre Alas:

- "De agora em diante o espetáculo é do povo. Pule a corda".
- "Pelo fim do julgamento".
- "Fora o cordão de isolamento".
- "Pardon Godard"
- "Nova República. Velha de guerra".
- "Criança. Jamais verás no vídeo um espetáculo como este."

Este último foi o Ano XIII, 1982. No painel (abre alas) estava estampado o rosto da ELIS REGINA.
Foi quando dados oficiais registraram  2500 componentes. Foi, acreditamos, o ápice do Estamos na Nossa. Atravessamos a Avenida orgulhosos e cantando as canções de Elis, com destaque, para "O bêbado e o equilibrista". Foi esta nossa homenagem para a Elis, que havia falecido em Janeiro, no dia 19.

Jornal de Jundiaí 23/02/82



Aí estão mais algumas manchetes dos jornais da nossa cidade:





























Jornal de Jundiaí 11/02/86
























Jornal de Jundiaí 13/02/82




Certamente daria um livro, tantos os "causos" para contar e seriam muitos os nomes dos bravos componentes do LENDÁRIO e Irreverente Bloco. 

Seria impossível citar algum componente.
Mas lembramos de quase todos, e vem a saudade.
Dos intelectuais, dos professores, dos jornalistas, dos doutores, dos estudantes, dos que tinham que trabalhar no dia seguinte e dos que nunca haviam trabalhado. Enfim, de todos. E como diria Cazuza "O tempo não para ".
E o nosso bloco também não parou. Foi embora desfilando toda a sua irreverência, cheio de orgulho e sem olhar para trás. Foi embora para sempre mesmo, mas deixou muita saudade, muitas histórias e muitas lendas também.


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