quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

"PARA O FUTEBOL E COMEÇA O CARNAVAL"




Substituição na Ponte São Jõao, sai o Estrela da Ponte e entra o ESTAMOS NA NOSSA. No mês de fevereiro entre os anos de 1968 a 1989, exatos 22 anos, essa era a regra no bairro. Quase Lei. "PARA O FUTEBOL E COMEÇA O CARNAVAL".
Era a vez do LENDÁRIO BLOCO ESTAMOS NA NOSSA. A história que o Bloco escreveu, mesmo nos tempos de Ditadura, foi de Liberdade no mais puro sentido da palavra, com muita amizade, alegria e sem censura. Caminhou sempre do seu jeito, sem ordem nenhuma, sem regras e principalmente sem vergonha de ninguém.
Foram muitas as tentativas de compor uma diretoria. Sem sucesso. Cuidar do dinheiro ou então administrar o "caixa", esquece! Eram passados, pelo comércio do bairro, vários livros de ouro para arrecadar fundos mas, prestação de contas, nada! No fim, por obra do destino, sempre dava tudo certo. As únicas instruções ou regras que o Bloco seguia eram:

- Diversão e muito samba.
- As fantasias não precisavam ser iguais, as cores combinando já valia. As dos anos anteriores era sempre bem vindas. Fantasia igual, só mesmo para os integrantes da Bateria. O resto era carnaval.

Aliás só havia um cargo e era muito disputado. "Diretor de Efeitos Especiais" basicamente quem cuidava da cachaça, da cerveja e outros que tais.
Começamos, lembro bem, nas ruas do bairro da Ponte São João em 1968, batendo latas e passando o chapéu para ajudar nos drinks... E nesta mesma noite, no Bar do Ênio, o Bloco Estamos na Nossa foi fundado.
Em 1969, há exatos 41 anos, fomos participar do desfile de rua oficial de Jundiaí. As Autoridades da época estavam no palanque, e tinha até jurados. Resultado?
Último lugar em todos os quesitos. Todos mesmo. Mas o pessoal ficou muito feliz em ter participado e mais feliz ainda pelo primeiro lugar em LIBERDADE!
Aí veio 1970, 1971, 1972 ... e o Bloco foi crescendo ano a ano, sempre com mais componentes, mais desorganização e muita risada. Seguimos em frente.
O nosso maior destaque era o Abre Alas, mas não o carro, porque era levado nas mãos mesmo sempre com muito orgulho. Os escolhidos, dois, sempre os que estivessem sóbrios. Aí ficava difícil. Lembro de alguns destaques no Abre Alas:

- "De agora em diante o espetáculo é do povo. Pule a corda".
- "Pelo fim do julgamento".
- "Fora o cordão de isolamento".
- "Pardon Godard"
- "Nova República. Velha de guerra".
- "Criança. Jamais verás no vídeo um espetáculo como este."

Este último foi o Ano XIII, aliás este ano foi o de l982. No painel (abre alas) estava estampado o rosto da Elis Regina. Nossa eterna rainha. Foi quando dados oficiais registraram 1500 componentes. Foi, acredito, o ápice do Estamos na Nossa. Atravessamos a Avenida orgulhosos e cantando as canções de Elis, com destaque, para "O bêbado e o equilibrista". Foi esta nossa homenagem para a Elis, que havia falecido em Janeiro.

Jornal de Jundiaí 23/02/82


Aí estão mais algumas manchetes dos jornais da nossa cidade:





























Jornal de Jundiaí 11/02/86






















Jornal de Jundiaí 13/02/82


Certamente daria um livro, tantos os "causos" para contar e seriam muitos os nomes dos bravos componentes do Lendário e Irreverente Bloco Estamos na Nossa. Seria até um pecado citar alguns, principalmente os que não estão mais entre nós. Mas lembro de quase todos, e que saudade. Dos intelectuais, dos professores, dos jornalistas, dos doutores, dos estudantes, dos que tinham que trabalhar no dia seguinte e dos que nunca haviam trabalhado. Enfim, de todos. E como diria o poeta Cazuza "O tempo não para ".
E o nosso bloco também não parou. Foi embora desfilando toda a sua irreverência, cheio de orgulho e sem olhar para trás. Foi embora prá sempre mesmo, mas deixou muita saudade, muitas histórias e muitas lendas também.

Jundiaí Hoje 17/01/82


Algumas dessas histórias poderão certamente ser ouvidas e lembradas na segunda feira de Carnaval dia 15, apartir das 14:30 hs. na sede do Estrela da Ponte, concentração do Bloco Continuamos na Nossa, que sairá pelas ruas do bairro da Ponte São João. É só aparecer preparado para rever os amigos e tentar matar um pouco da grande saudade que ficou.


BOM CARNAVAL PRÁ TODOS!

6 comentários:

Mauro disse...

Saudades, daquele dia que o Dinho pegou o "bumbo", o Dinho é aquele que quando recebia o pagamento gostava de ser chamado de seu Pedro, incentivado pelo Xisté e o Nenão, aquele do tamborim, puseram o Estamos na Nossa na rua para gravar para sempre sua história do carnaval de Jundiaí.
Mauro

Unknown disse...

parabens pela sua iniciativa....nao conheci pessoalmente mais ouço muito falar... e com alegria deste bloco.
parabens....Magda

Anônimo disse...

Grande Mosele, amigo e companheiro de incontáveis jornadas: Ápia , Rua Nova, Ideal Standard, etc, etc. Seu blog está muito bom e a matéria de Bloco me fez voltar no tempo. Ainda bem que vivemos , junto com muitos amigos que fizemos, esses tempo maravilhoso e temos muitos e grandes motivos para sentir saudade. Estou aguardando o Lixo e o Ladrão se manifestarem.
Grande abraço meu amigo. Espigão

Anônimo disse...

Agora sim.
Com certeza vc se lembra da primeira saída do Bloco pelas ruas da Ponte. A fantasia era de saco de estopa e os instrumentos insuficientes. A quantidade de participantes era de pouco mais de " meia dúzia". Muito a contra gosto, naquela noite acompanhei o Bloco andando pela calçada porque a namorada da época, que estava junto, não gostava da fuzarca e nem permitia que eu dela participasse, mas foi somente nesta noite, porque o resto da história vc já sabe.
Fechando o "desfile" vinha o Cajú com uma enorme frigideira, provávelmente surrupiada da cozinha de sua mãe, que ele ia enfiando delicadamente no peito dos que estavam assistindo ou passando pelas ruas, afim de levantar fundos para a compra de um litrão de Japi, a boa pinga da época.Ao passar pela Sapataria Tega, na av São João, meu tio Arsênio Tega, num gesto genial, não sei se por ter aberto a porta atrasado na passagem do Bloco ou ter percebido tardiamente a função da frigideira , simplismente saiu correndo e depositou uns trocadinhos na danada, contribuindo assim com alegria daquela turma . Para mim valeu o "desfile".
O tempo do Bloco é o nosso tempo, foi muita alegria. Espigão de outros Carnavais.

Mosele disse...

Espiga. O pessoal está ligando muito sobre a matéria do bloco. Sugeriram até editar um livro.E, houve comentário, dizendo que o Bloco lembra muito o navio fantasma do filme Piratas do Caribe. Você chega a pensar que ele nunca existiu. Mas o Bloco existiu mesmo e de verdade. Abraço Mosele

nilson disse...

simplesmente maravilhoso, enchi meus olhos de lagrimas